No julgamento de Claudia Tavares por homicídio e ocultação de cadáver, a defesa apresentou uma narrativa centrada na violência doméstica sofrida pela ré ao longo do convívio com o marido, Valdemir Hoeckler, morto e encontrado em um freezer em novembro de 2022. A advogada Gabriela Bemfica destacou ameaças feitas pelo homem contra a filha do casal como um dos fatores que teriam levado Claudia a agir naquele momento.
Outro ponto enfatizado pelos defensores foi o histórico de agressões. O advogado Matheus Molin trouxe à tona mensagens e depoimentos que, segundo ele, demonstram o medo constante vivido por Claudia diante de um relacionamento marcado por abusos físicos, psicológicos, sexuais e patrimoniais. Ele exibiu conversas em que Claudia relatava sofrer intimidações, além de testemunhos de familiares.
Durante a argumentação, Molin criticou o comportamento do falecido, lembrando que, conforme depoimento de testemunha, ele mantinha simultaneamente relacionamentos com duas mulheres e teria agredido ambas. “Um conservador que tinha duas mulheres e batia nas duas!”, afirmou o advogado. Essa frase gerou tensão no plenário e provocou reação da acusação, além de ter levado Claudia a se manifestar com indignação.
Por fim, a defesa alegou que Claudia teria agido em legítima defesa após sofrer uma série de agressões e ameaças, incluindo tentativa de estupro — tese sustentada por outro defensor, Jader Marques. Ele argumentou que Claudia não quis causar a morte de Valdemir, mas sim sedá-lo para evitar ser estuprada. Os advogados ainda apresentaram laudos psicológicos e histórico de acompanhamento para reforçar a fragilidade emocional da ré.