No depoimento prestado em juízo, na noite desta quinta-feira (29), Gabriela, filha de Cláudia Tavares e Valdemir Hoeckler, revelou lembranças marcantes da infância e da convivência com o pai. Ela contou que, desde pequena, presenciou episódios de violência dentro de casa, inclusive momentos em que viu a mãe ser agredida. Relatou ainda situações de medo e vergonha, como quando o pai escondia-se para surpreender a mãe, ou quando as discussões terminavam em objetos quebrados e ameaças constantes. Segundo Gabriela, mesmo após a mudança para o interior, a rotina familiar permaneceu marcada por brigas e o comportamento controlador de Valdemir.

A jovem destacou que, aos poucos, percebeu o ambiente opressor em que vivia. Recordou situações em que o pai restringia sua liberdade, como no episódio em que rasgou uma saia comprada por ela para que “aprendesse a não desrespeitá-lo”. Gabriela afirmou que a mãe vivia sob medo, sujeita a ameaças de perder a guarda da filha caso tentasse se separar. Com o tempo, decidiu se afastar e recomeçar sua vida em outra cidade, mas sempre acompanhava de longe a relação conturbada dos pais, marcada, segundo ela, pelo autoritarismo e ciúmes excessivos do pai.
Sobre o crime, Gabriela relatou que só soube da morte de Valdemir após o vídeo divulgado e, em choque, questionou a mãe sobre o motivo. Cláudia teria respondido que agiu “para se proteger e proteger a filha”, descrevendo que era uma questão de vida ou morte. No depoimento, a jovem ressaltou que não houve motivação financeira por parte da mãe e refletiu que, caso a situação fosse inversa, talvez ninguém se solidarizasse com Cláudia. Abalada, disse ter enfrentado o velório com medo e sem apoio dos pais, destacando que a tragédia deixou marcas profundas em sua vida.
Durante depoimento da mãe, na manhã desta sexta-feira, Gabriela assistiu e estava emocionada e chorava sendo consolada por amigos e pessoas próximas.