Um levantamento inédito do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) revela que mais de 600 mulheres recorrem semanalmente à Justiça para obter medidas protetivas contra violência doméstica. Entre janeiro e julho de 2025, foram concedidas 18.387 dessas medidas — uma média de 87 por dia — representando um crescimento de 8,1% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Além disso, o Judiciário julgou 23.416 ações relacionadas à violência doméstica nesse período, o que equivale a uma média de 111 processos por dia — quase um terço de toda a competência criminal do estado. Pior ainda, já foram confirmados 106 casos de feminicídio, sendo quase quatro por semana, um aumento de 36% em relação a 2024.
Em coletiva, magistradas do TJSC destacaram que os números, mesmo parecendo surreal, refletem a realidade vivida por muitas mulheres. A desembargadora Hildemar Meneguzzi alertou que os dados expõem “o fenômeno mais democraticamente perverso” da sociedade, enquanto a juíza Naiara Brancher ressaltou que, embora o Judiciário esteja estruturado para dar respostas rápidas, enfrentar a violência doméstica exige desconstrução cultural do machismo.
A Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica (Cevid), vinculada ao TJSC, lidera ações integradas para ampliar proteção, acolhimento e prevenção. Entre as iniciativas estão a interiorização de grupos reflexivos para agressores, produção de material educativo, articulação com escolas, universidades, Poder Público e sociedade civil, e criação de redes interinstitucionais para proteger vítimas