Demanda forte impulsiona preços internos, mas exportações mostram recuo mensal, aponta Cepea
O mercado suinícola brasileiro vivenciou um mês de agosto de 2025 com notável valorização nos preços do suíno vivo e da carne, marcando uma recuperação após a instabilidade de julho. A demanda aquecida foi o principal catalisador para essa alta generalizada nas cotações, conforme detalhado no último Boletim do Suíno do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
A valorização do suíno vivo foi sentida em diversas regiões. Na área conhecida como SP-5, que engloba Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba, o preço médio do suíno vivo entregue à indústria alcançou R$ 8,74/kg, um aumento de 3,2% em relação a julho.
Em Minas Gerais, a alta foi ainda mais acentuada: em Patos de Minas, o quilo do animal foi negociado a R$ 8,54, com um salto de 5,4%, enquanto a média estadual ficou em R$ 8,57/kg, com variação mensal de 5,4%.
Outras praças importantes também registraram incrementos, como Erechim (RS), que atingiu R$ 8,33/kg (alta de 2,3%), e Braço do Norte (SC), com R$ 8,42/kg (alta de 6,6%). O Paraná viu o preço médio em R$ 8,27/kg, com 4,6% de variação, e Santa Catarina, R$ 8,19/kg, com 4,1%.
No segmento da carne, o cenário acompanhou a tendência do animal vivo. No atacado da Grande São Paulo, a carcaça especial suína foi comercializada a uma média de R$ 12,85/kg, representando um aumento de 4,4% em relação ao mês anterior. Cortes específicos também tiveram bom desempenho; o lombo, por exemplo, registrou alta de 1,8%, chegando a R$ 19,82/kg em média. Outros produtos, como a carcaça comum, subiram 2,45%, atingindo R$ 12,34/kg, enquanto o pernil com osso e a costela tiveram leves recuos de 2,36% (R$ 13,83/kg) e 1,84% (R$ 17,89/kg), respectivamente.
Exportações: volume recua,receita anual cresce
Apesar do bom momento interno, as exportações brasileiras de carne suína in natura (incluindo produtos processados) registraram um leve recuo de julho para agosto, totalizando 120 mil toneladas. Essa queda de 4,2% no volume mensal, no entanto, é compensada por um avanço de 2,6% na comparação com agosto de 2024. A média diária de embarques, de 5,1 mil toneladas, inclusive, mostrou um aumento de 4,3% no mês e de 6,3% no ano.
A receita obtida com as exportações foi de R$ 1,597 bilhão, uma redução de 8% em relação a julho, influenciada pelo menor volume e pela valorização do Real frente ao dólar. Contudo, em comparação com agosto de 2024, houve uma elevação de 4,7%. O preço médio pago pela carne brasileira no mercado internacional foi de US$ 1.753,1 por tonelada, o valor mais baixo desde fevereiro de 2024. As Filipinas se mantiveram como o principal destino, absorvendo 33,4 mil toneladas. Pela primeira vez na série histórica, o Chile se destacou como o segundo maior importador, com 13,3 mil toneladas. China e Japão completaram a lista dos principais destinos, com 10,3 mil e 8,5 mil toneladas, respectivamente.
Poder de compra e competitividade: cenário misto
Para o suinocultor paulista, o poder de compra em agosto apresentou um cenário misto. Houve um aumento em relação ao milho, com a venda de um quilo de suíno permitindo a aquisição de 8,21 kg do cereal, um incremento de 2,8% em relação a julho. No entanto, a relação de troca com o farelo de soja diminuiu 0,7%, possibilitando a compra de 5,26 kg do insumo por quilo de suíno.
Essa dinâmica reflete a valorização do farelo de soja, que subiu 3,9% em Campinas (SP), atingindo R$ 1.662,12/tonelada, enquanto o milho permaneceu praticamente estável, com média de R$ 63,87/saca de 60 kg.
A competitividade da carne suína frente às suas principais substitutas também mostrou nuances. A diferença de preços entre a carcaça bovina e a especial suína diminuiu 0,5% em agosto, para R$ 8,52/kg, o que reforçou a competitividade da carne suína em relação à bovina, que teve sua carcaça casada valorizada em 2,4%, chegando a R$ 21,37/kg. Por outro lado, a diferença de preços com o frango aumentou 14,4%, chegando a R$ 5,86/kg, sinalizando uma perda de competitividade da carne suína diante da avícola, cujo preço do frango resfriado recuou 2,7%, para R$ 6,99/kg.
Fonte: ACCS